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16/06/2017

Me permito construir?

Ser humano em todo seu dinamismo torna-se engraçado de se compreender. Por vezes felizes, outras tristes, descansados, preocupados, mas sempre dinâmicos. Sempre com infinitas possibilidades no dia-a-dia, tentando acertar na vida, algumas vezes até que acerta, em outras nem chega perto.
Mesmo com todo esse dinamismo reparo que a vida não é somente um encontro, mas a vida é sobretudo um choque. Um choque entre Eu-Tu, do Eu que, ao se relacionar com o Outro e é capaz de fundir, mas também de se destruir. Não importa o que aconteça, mas sempre nos renovamos.
A vida, o encontro, os atritos, geram mudanças, quem eu era ao 5 anos não o sou mais; quem eu era aos 20 anos já não o compreendo; quem eu era ontem, não o vejo.
Meu olhar de hoje se destrói em cada olhar, em cada sorriso, em cada adeus, em cada até logo, em cada "boa noite" mal pronunciado pelo cansaço, ou por cada "bom dia" dado com os olhos ainda pesados de sono... 
O olhar, contudo, também se refaz... no mesmo processo de demolição, também há a construção.
O problema que fica: o que eu permito que me molde? Permito que Deus me molde à sua imagem e semelhança? Permito que as alegrias me façam ver a necessidade de transmiti-las aos outros? Permito que as tristezas tenham noites longas?
Por mais que a vida bata, por mais que sejamos destruídos, mas devemos sempre nos edificar, tendo em vista as inúmeras vidas que temos nessa nossa própria vida. Não posso alicerçar toda a vida no infantil que fui, e muitas vezes ainda o sou. Mas tenho que sustentar a minha própria história no hoje de quem eu sou, das inúmeras vidas que passam por mim e me fazem renascer.