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30/05/2013

VIDA

Vida

Pergunto-me sobre a vida
durante minha existência,
nos caminhos e percalços,
ascendendo à consciência.

Vida, um convexo desconexo
de momentânea eternidade
só na amizade encontramos
o perfeito nexo de liberdade

A amizade nos recria, renova,
a cada instante traz alegria,
reflete o sopro divino da criação,
instiga a saída de minha periferia.

Saio da margem dos cantos,
para a plenitude cantar
no mais profundo sonho,
que encontro em seu olhar.

18/05/2013

LIVRES PARA AMAR


Em nosso quotidiano somos levados a nos interrogarmos a respeito de um objetivo, de uma razão para a nossa existência. Quem nunca teve uma circunstância na vida, no seu caminhar, que não se interrogou sobre qual seria a sua missão? S. Francisco diante de suas inquietações perguntava: “Senhor, o que queres que eu faça?”. Deus respondia ao seu coração: “Vai, reconstrói a minha Igreja!”.
A Igreja não é somente um templo material, composto de tijolos e madeiras, mas o próprio ser humano. Nós somos a Igreja, o corpo de Cristo. Desta forma, faz-se necessário que o ser humano seja capaz de se reconstruir, deixar morrer o que há de velho, seus egoísmos e limitações; deixar falecer o pecado da indiferença e do orgulho, que nos afastam do amor.
A vida é uma eterna recriação, que o indivíduo morre, devendo ser capaz de ressuscitar para uma vida nova. O amor é uma extensão da vida, da mesma forma que não escolhemos viver, também não escolhemos amar. Vivemos, mas as nossas escolhas que direcionam o “modo” como iremos viver. A nossa vida não nos pertence, somos responsáveis não somente por nós mesmos, mas por quem realmente amamos, família, amigos. O amor, consequentemente, também não é uma escolha, não escolhemos quem amar, simplesmente amamos. A flor necessita de terra fértil e água para que possa desabrochar. O amor também assim acontece, pois ele sempre está em nossos corações, requer que seja cuidado. Para que esse amor cresça é necessário que permitamos o seu nascimento, ou seja, abandonar os velhos grilhões. Somente assim encontramos a liberdade, onde não escolhemos amar, amamos sem interesse, tornando-nos seres novos.
Kafka em uma de suas cartas afirma: "Existem dois principais pecados humanos a partir dos quais derivam todos os outros: impaciência e indiferença. Por causa da impaciência fomos expulsos do Paraíso, por causa da indiferença não podemos voltar". A impaciência do ser humano, em não saber esperar, o afasta de Deus. O “saber esperar” pode ser compreendido como “reconhecer”, o ver Deus na sua forma mais simples de manifestação, seja num gesto de carinho ou gesto de amor. Já a indiferença é não ser capaz de enxergar a sua própria realidade, somos indiferentes com nós mesmos, nos tornamos descartáveis, em que usamos as pessoas e nos deixamos usas e, em seguida, somos jogados ao lixo.
Fazendo o “homem antigo” que há em nós morrer, podemos viver e fazer nascer um sujeito novo, encontrando nos caminhos da vida o amor. Sabendo ver Deus, o amor, em nossas vidas. Somente assim seremos realmente livres, livres para amar.

14/05/2013

BLEFE


Blefe

Estava escondido atrás da moita,
reparando seu doce gracejar,
fiquei completamente abobado
com um sentimento a me afoitar.

Pensei: "Vixe! Que rebuliço danado!"
afobou o âmago de meu coração,
você com tanta doçura e belezura
a espiei firmado em sólida atenção.

Nem sequer piscar os olhos ousei,
esperando para lhe armar um bote
e, aperreadamente em supetão,
arranquei-lhe um cheiro no cangote.

Quando dei por mim, estava distante.
Você com muito mais de meia légua,
tudo o que me restou foi o aguneio,
e resignado a declamar: "arriégua!"

Escutei seus passos retornando,
achei ser somente mais um blefe,
mas você gentilmente me sorriu
e me tascou um singelo tabefe!

Você veio ligeiramente para mim,
após ver meu esgualamido singelo,
não arengou com os sentimentos,
mas em seu coração cedeu abrigo.

12/05/2013

CONJUGAMAR


Conjugamar

Os mais doces versos em rima
desmitificam a mística a atiçar
o sentimento nascido no coração,
preparando-o para nele habitar.

Os assombros das sombras permeiam
os corações dos que não ousam amar,
o paralisam, o iludem, o entristecem,
o amedrontam, para não se entregar.

As pedras que encalçam o caminho
circundam e enfeitam as flores,
elas brotam diante das dificuldades
e não se importam com seus temores.

Se suas palavras me enganam,
seu olhar em amor se declama,
 a tristeza e egoísmo esvaecem,
somente a coragem emana.

Uma ave alça voos pelo horizonte
sem saber do que está a esperar,
busca viver na liberdade e alegria,
na plenitude do eterno amar.

Mamãinha (Dia das mães)

Mamãinha,

Culpada! Assim começo a escrever: culpada! Neste julgamento a senhora não possui direito à defesa, nem argumentação. Aqui a senhora, minha mamãinha, é o juízo, que nos ensinou desde a minha infância a pensar com o coração. S. Agostinho buscou o amor para “repousar o coração”, este amor encontramos em seus braços, pois a sua vida sempre foi um hino ao amor, a mais bela poesia escrita por Deus. A senhora é promotora, neste julgamento, pois promove a humildade, nos ama até nos momentos em que somos indignos de tal sentimento. Cuida de nós, tem amor de mãe, ou melhor, amor da nossa mamãinha. A senhora é defensora, assim como aprendeu com a vovó, defende a sua “cria” com todas as forças. Quantas vezes confortou nossos corações nos momentos em que achávamos que não suportaríamos a dor; como também, se fez presente ao nosso lado cantando para nos alegrar, nos beijando para nos deixar envergonhados, mas nunca ficamos.
Educou-nos para a vida, se não somos bons o suficiente a culpa não é sua, é nossa! Pois não aprendemos com retidão o seu amor. Nós somos os seus réus e dizemos que a senhora é a culpada, não somente por nos ter gerado, mas, por seu amor, que nos permitiu EXISTIR! Obrigado pela vida! Obrigado por fazer nosso coração sempre ter motivos para sonhar! Amamos a senhora, nosso perfeito reflexo do amor divino!

05/05/2013

TEMPO DE DÚVIDAS, TEMPO DE ESPERAR


Tempo de dúvidas, tempo de esperar

Ao longo de nossa vida nos deparamos com dúvidas, anseios, que, por vezes, demoram para desaparecer  da mente e do coração. A dúvida tem o seu valor, porque ela demonstra que não ficamos paralisados com o tempo, que não nos acomodamos com as imposições que sofremos da sociedade, inclusive com as obrigações que nós mesmos nos fazemos. Duvidar é, antes de tudo, permanecer inconformado com a realidade que paira sobre o nosso existir. Neste momento devemos nos aprofundar, buscar o autoconhecimento, reconhecer quem realmente somos e não simplesmente nos desesperarmos diante dos desafios que se apresentam.
Já diria Nietzsche, in. “ECCE HOMO”: “Não é a dúvida, é a certeza que enlouquece”. Imagine se tivéssemos certeza do que iríamos fazer, qual carreira deveríamos seguir, qual caminho o correto, desta forma, a vida seria uma mera resignação, aceitação, seríamos limitados.  Caso permanecêssemos acomodados que graça teria nossa existência? É a capacidade que temos de nos indignar com os nossos limites, que nos permite ir além; caminhar por outras vias ainda não conhecidas. O bom da vida é viver, descobrir e se redescobrir a cada momento.
Todos nós possuímos dúvidas, aflições, medos, mas diante das adversidades olhemos para o céu e vejamos quão belas são as estrelas. A esperança é uma virtude divida, saber esperar é a busca humana.  S. Francisco, meu padrinho, em sua oração diz: “onde houver dúvida, que eu leve a fé”. A fé é própria do ser humano, na capacidade de transcender nossos limites. Portanto, caminhemos e, se “quebrarmos a cara”, pelo menos tenhamos a certeza da tentativa e não a amargura do medroso. Ao menos tentamos e sabemos que aquilo não seria o melhor, ao menos naquele momento. Portanto, vivamos cada dia, valorizando cada momento. Como diria Paul McCartney: “Somente o tempo irá dizer se estamos certos ou errados”.

04/05/2013

SOBREVOAR


Sobrevoar

Admiro uma ave em seu destoar
do ninho abrigando-se ao luar.
À sombra da lua ela descansa
com as penas se abriga, encanta.
Durante a noite, vigilante permanecem
os olhos vivos e vorazes se enfurecem,
astuciosos ao despertar do perigo
da escuridão e assombros em abrigo.

Ao despertar de um novo dia
o raio solar transpassa e acaricia,
revolve a face, incendeia o olhar,
fortalece suas asas ao sobrevoar.
Ergue-se sem medo da dor ou aflição,
segue o caminho existente no coração.
Transcende os limites, tempo e lugar
no intuito da sua vida ao amor entregar.

Assim também, no eterno busco sobrevoar
na imensidão existente na luz do seu olhar.