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31/03/2013


“Inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti!”
A sociedade com os seus mecanismos de “facilitação” acaba empreendendo um esvaziamento do ser humano, um esvaziamento de vida, de amor, de afeto, em que nós devemos nos contentar com o que é fácil. Esta facilidade que se impõe a nós faz com que percamos a nossa consciência sobre a nossa própria existência, pois nos acomodamos e nos conformamos com nossa realidade. Buscamos relacionamentos superficiais e amizades supérfluas, em que não somos capazes de nos entregar ao coração alheio, pois temos medo, muitas vezes queremos usar os outros para satisfazer os nossos propósitos. Formamos uma sociedade cada vez mais individualista e perdemos em individualidades, nas características próprias de cada um, pois agimos e pensamos em acordo com o senso comum, em que quem pensa diferente deve ser excluído.
O medo de não nos deixar conhecer, e envolver, impede o amor, pois o amor advém do conhecimento. Exupéry no Pequeno Príncipe afirma: “A gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”.  Ninguém ama aquilo que não conhece e o conhecimento requer tempo, paciência e fidelidade. Devemos saber esperar para conseguir realmente compreender, não somente o outro, mas quem realmente nós somos.
Com as primeiras palavras deste texto S. Agostinho inicia as suas “Confissões”. O verdadeiro sentido da vida humana não está em bens materiais, não está em um carro do ano, não está na televisão, cada vez mais alienante, não está em uma partida de futebol. O sentido para a existência está no próprio princípio: Deus, este que não é uma causa somente, mas acompanha o homem no decorrer da sua história demonstrando o seu amor por nós. Nos ama sem cobrar nada, ama porque ama! O pecado subsiste no afastamento deste amor, quando não somos capazes de compreender a Vontade de Deus e descumprimos a nossa missão: amar! Devemos preencher esse nosso vazio com amor!
Cristo, com sua morte e ressurreição, nos eleva à condição de filhos de Deus, sendo assim, neste aspecto de filiação, saibamos respeitar e valorizar o nosso próximo, que não crucifiquemos o nosso irmão com o nosso rancor, que não lhe apedrejemos com nossos preconceitos e que não o matemos com a nossa ausência... Sejamos capazes de revelar o nosso amor, mesmo que seja por um simples gesto, um abraço, uma palavra amiga, um sorriso...
Toda essa argumentação, não diria filosófica, pois não cheguei ainda aos patamares de Pe. Manfredo Oliveira, em minha opinião “O maior filósofo brasileiro”; como também de teólogo, não tenho prepotência em sê-lo; são apenas reflexões de um coração que Deus está a trabalhar diariamente e que espera ajudar a cada um com suas palavras.
Tenham uma feliz e santa Páscoa!!!!

28/03/2013


“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!
A exclamação de Cristo reflete o seguimento às últimas circunstâncias do mandamento pregado e vivenciado por Ele: o amor. No mais alto flagelo rezou pelo que os faziam sofrer, rezou pedindo perdão pelas falhas dos que o crucificavam. Demonstrando que o coração humano deve refletir a imagem de Deus.
Quantas vezes julgamos e condenamos os outros por seus defeitos e limitações, não sendo capazes de compreender quais os fatores que realmente os inclinam a estabelecer certos atos. Cristo em sua vida incomodou, pois levou sempre consigo o amor, o amor pelo outro, pelo diferente, o pobre, seja em espírito ou material, doou sua vida para a projeção do Reino de Deus, mas nós recusamos a ver este Reino em nós, seja pelo orgulho, medo ou ambição.
Devemos abrir o nosso coração para o perdão. Perdoar aquele que nos ofende por atos ou omissões, libertar o nosso coração da angústia de estarmos aprisionados por um mau sentimento... Somente abrindo o coração, podemos encontrar o Reino de Deus: o amor. S. Agostinho diz: “No amor de um se acende o amor do outro”, ou seja, a partir do momento que você abre seu coração para acolher, respeitar, amar, enriquecemos o coração do nosso próximo com as mesmas maravilhas. Um abraço não é dado sozinho, requer reciprocidade.
Que nesta semana saibamos perdoar, sobretudo a nós mesmos e abrir o nosso coração para a Salvação, que só vem pelo amor!

25/03/2013

Imagem de Maria


Imagem de Maria

Maria acompanhou Cristo, seu filho, até a cruz e, quando lá chegou, “Jesus viu sua mãe” Jo 19,26. Neste momento em que os seus olhares se entrelaçaram, todos os percalços da vida fossem recordados até chegar àquele instante...  Bastou apenas um olhar. Imagine uma mãe vendo o fruto do seu ventre dilacerado, sofrido...  Qual coração de mãe não se sentiria destruído neste momento? O sofrimento mútuo, tanto de Maria por ver seu filho em um madeiro sendo crucificado e Cristo, vendo sua mãe aos seus pés compartilhando do seu sofrimento. A lança que transpassou o coração humano de Cristo não significa nada diante desta dor...
Como diria Saramago: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Assim, pelo exemplo de Cristo, possamos abrir o nosso coração ao sofredor, termos realmente compaixão, sendo capazes de acolher o diferente e, sobretudo, saber reparar que mesmo que as tristezas, os medos, as aflições tentem dominar, devemos fazer como Maria que ousou olhar para cima e contemplar os olhos do Salvador,  mesmo diante das adversidades, sejamos também nós aptos a contemplar as luzes das estrelas...
O amor deve ser eternizado em nossa vida, tal como Agostinho, que pouco antes da morte de Mônica, apoiou-se em uma “janela, cuja vista dava para o Jardim interno”. Que nós saibamos reparar neste jardim presente em cada ser humano...

23/03/2013

CAMINHEIRO


Caminheiro

A vida é um eterno devir:
perpassar de momento.
Cabe a nós aproveitá-lo
com o coração a intento.

Os momentos se eternizam
na caminhada a percorrer.
Do caminhante, a alegria
em saber realmente ver.

O caminho de escolhas
e decisões é precedido.
Também de renúncias,
que ao encanto é aludido.

A beleza está nos olhos
de quem realmente sabe ver,
os instantes são eternizados
nas mãos de quem quer escolher.

O mais doce e puro encanto
nosso olhar deve apreciar,
cercado pela ternura,
sendo livre para amar.

“Tenho constantemente
o eterno sob meu olhar”,
o meu coração eminente
ao amor quer se entregar.

19/03/2013

São José

Hoje, dia de São José, faz 4 anos em que decidi servir a Deus de uma forma que não o sacerdócio, mas todos temos um sacerdócio - o meu é escrever o que Ele me permite... Embora se fale pouco de José, podemos observar a bravura existente no coração do humilde, que se deixa apaixonar, se deixa encobrir pelo manto divino, amando até o último instante a Mãe e o Salvador... Hoje José nos é exemplo no que tange à doação e a superar seus medos e preconceitos.
Quantas vezes somos impelidos a refrear os nossos sentimentos pelo medo ou pelo simples fato de acharmos que uma pessoa é cheia de defeitos... Os defeitos estão nos olhos daqueles que vêem, pois não sabem olhar com as vistas do coração, por isso que no Pequeno Príncipe é dito: "O essencial é invisível aos nossos olhos; só se vê bem com o coração"... José entrega sem medo a sua vida ao amor, à salvação...
Onde está a filosofia? No próprio ato decisório, por decidir agir pelo amor e não se conformar, tal como Sartre: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós"...
Que hoje saibamos escolher a vida, escolhamos amar, escolhamos a felicidade!
Que papai do céu abençoe a todos!

18/03/2013

OBJETIVAR

Objetivar

Desde que a conheci,
senti algo estranho,
não sei bem descrever,
pois não tem tamanho

Eterniza-se com o decorrer
do tempo, que desfila.
Passa e se renova
e a alegria destila.

Em minha mente só vem você,
Não sei bem o que falar...
Palavras são desnecessárias,
quando temos um único objetivo: amar

O EMBAÇO DO DESEMBARAÇO

O embaço do desembaraço

No Eterno terno
matutar de um matuto
à procura da cura
do seu curiar astuto...

Erroneamente a gente,
na mente, mente
ao coração, sem razão,
na ilusão do não...

Viver, sofrer,
alegrar, doar,
doer, morrer,
entregar, amar...

Verbos que reverberam
o perenizar do caminho
de Deus aos seus:
um adivinho no ninho

do canto de cada canto
da estrada inacabada
no encalço, com percalço,
da glória na história inventada...

Do liame ao limiar
do iluminar a esperar
o amor como flor
a florear ao clarear...

17/03/2013

AS PALAVRAS

As Palavras

As palavras são desvarios
de uma mente insensata,
que age pelo coração
com uma emoção inexata...

As palavras pronunciadas
têm o poder de edificar
os mais belos sentimentos
e a vida transformar...

As palavras afligidas
pelo ódio e rancor
são como flechas,
que trazem a dor...

As palavras guardadas
semeando a aflição,
desespero e medo,
ceifando o coração...

As palavras esquecidas
lembram o que poderia ser.
Na mente, a recordação.
No peito, o enternecer...

As palavras encantadas
encontram seu lugar
no coração daqueles,
que ousam amar...

As palavras são inúteis
quando temos o doce olhar
faz nascer um sentimento,
no mais belo sonhar...