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25/07/2013

A-MAR

A-Mar


O que estes simples versos
procuram, em rimas, demonstrar
é que o amor não se encontra
na convalescência do tempo,
mas na imensidão do mar.

O amor pode ser comparado,
sem tamanha prepotência,
à entrega de um ser ao mar
na procura de purificação,
que permeará sua existência

Uma água tão límpida e clara,
que, com as estrelas, clareia
no céu da divina perfeição,
iluminando todos os corações
e com sua luz os incendeia.

Na tentativa de no mar adentrar
projeta-se em sonho a embarcação,
que são ínfimas se comparadas
ao amor divino resplandecente
na preciosa dádiva da criação.

Para banhar-se nas águas do mar
é necessário se livrar das agruras.
Com medo e dor não se pode nadar,
pois são pesos que afogam todo ser
nos lamaceiros das amarguras.

Ao nadar, o indivíduo se eleva
à imensidão da imagem do céu,
que se refletem no azul do mar
revestido de encanto e pureza
envolvidos  pelo celestial véu.

O véu do encontro com o amor
em um momento único, inefável,
que conforta a mente e a razão,
permeia de amor o coração,
tornando o  viver agradável.

19/07/2013

SONHAR




Sonhar
Vou narrar uma história,
relembrando os sonhos que tive.
Todos gravados na memória
deste ser que pelo amor vive.
Algo comum a todo sonho,
sem qualquer motivação,
a não ser naquela que ponho
todo sentir do meu coração.
Estes versos não elucidam
todo o momento realizado,
mas as lembranças alegram
e o tornam eternizado.
Na ocasião estávamos a sós,
pelo silêncio afastados.
O silêncio continha nós,
impedindo-o de ser externado.
Nada poderíamos ouvir,
a angústia cortava o coração,
a paralisia iria surgir
pelo medo da negação.
O que sentia em meu peito
não consegui transmitir,
este nervosismo suspeito
não deixava o amor fluir.
A palavra é dispensável
quando capazes de amar.
Basta ser tolerável
e o coração entregar.

16/07/2013

OLHAR

Olhar

O começo em um olhar
de divina expressão,
encoberto de pureza,
desafiando a timidez,
envolto de singeleza.

O olhar que tudo fala,
não com meras palavras,
esvaecentes com o tempo,
mas pelo amor celestial,
que eterniza cada momento.

Os meus olhos inquietos
somente seus olhos buscam,
na certeza de encontrar
o descanso em um coração
ilimitado como o mar.

Seus olhos são como rios,
que desaguam no oceano,
em sua imensidão me perdi
desde o primeiro momento,
quando o amor conheci.

Que no amor me perca
no constante velejar,
pois o amor está no timão,
guiando também minha vela
a encontrar o seu coração.

14/07/2013

Onde está o nosso coração?

Onde está o nosso coração?

A caminhada da humanidade confunde-se com os projetos divinos. Até quando nos afastamos da Sua Vontade, encontramos vias de retorno e conversão. Nos momentos de atordoamento e confusão é muito difícil nós visualizarmos o amor presente em nossa vida. Se torna inviável observar o próprio ser humano com suas qualidades, por isso talvez nos foquemos mais em seus defeitos. Nós traduzimos em pensamento aquilo que trazemos em nosso coração. S. Agostinho afirma: “Ninguém é capaz de visualizar Deus sem paz interior”, a paz é a presença do amor, a harmonia em nossa vida.
Na parábola do “Bom Samaritano” Cristo nos traz uma “reviravolta humanística”, enquanto muitos pensavam que o “próximo” seria aquele que estivesse ao nosso lado, Ele revela que “o próximo” somos nós em nossa capacidade de termos misericórdia, ou seja, levar o nosso coração ao coração do sofredor. Estar com ele, compreendê-lo, amá-lo, mesmo diante do sofrimento, diante de suas fraquezas.

Diante destes fatos sugiro uma pergunta: “onde se encontra o nosso coração?” Encontra-se envaidecido com medo de se revelar, ou está sendo acobertado pelo ódio ou insegurança? Nossas ações não devem ser guiadas tão somente tendo por relevância os fatos passados, os erros cometidos, mas devemos ter coragem em arriscar, ousar sermos diferentes. O poeta Manoel de Barros diz: “Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito”. Somos livres quando arriscamos amar, e o amor não se encontra escondido, mas deve ser revelado. O nosso coração deve transparecer Deus, deve ser revelador do amor. Para isso, não são necessárias palavras bonitas, mas um gesto, um “bom dia”. Através destes atos singelos e simplórios encontramos o eterno.

13/07/2013

ESTAÇÕES


ESTAÇÕES

Nas diversas estações da vida,
em muitas fases nos encontramos,
assim como nas andanças do tempo,
tenazmente sentimentos alternamos.

O outono é o distanciamento,
de nós mesmos, sobretudo.
Na busca por explicações,
o silêncio mostra-nos tudo.

Passando por invernos rigorosos,
forçando-nos ao recolhimento.
A chuva umedecedora do campo,
o pranto nos emudece ao alento.

A chuva é a lágrima celestial,
que nos vem fazer companhia
de quando não temos presente
a presença que o amor irradia.

A primavera é uma calmaria,
onde a beleza se revela
no terno encantar da flor
o amor divino se desvela

O verão traz no calor o fervor
aquecedor do nosso coração,
transforma a tristeza em alegria,
faz do amor uma eterna doação.

11/07/2013

REGA-FLOR


REGA-FLOR

As lágrimas se verteram
em orvalho consolador,
inundando o meu coração
e fez brotar uma bela flor.

Para sustentar aquela flor,
busquei um jardim sem fim,
regado por sonhos e amor
e que florescessem em mim.

O campo outrora gélido,
agora transbordou de paixão,
ao deixar o amor invadir
aquecendo o coração.

08/07/2013

ENLUARAR


ENLUARAR

Seu sorriso traz em si muitas faces,
feições que não posso descrever;
em fases, que me perco ao olhar;
olhares perdidos no enternecer.

Seu sorriso sempre crescente
transborda em quarto de emoção
desatina todos os meus medos,
libertando meu coração da aflição.

Seu olhar, que se faz novamente,
na eternidade está a contemplar
plenamente à espreita do encontro
do verdadeiro amor encontrar.

O terno não se faz tardiamente,
mas no entardecer do caminho.
Minguando os medos e anseios,
traz-me paz em gesto de carinho.

Na lua cheia contemplo o porquê,
das razões que não compreendo,
em seus braços eu encontro
o sustento e o meu firmamento.

07/07/2013

OLHAR DE CRIANÇA


Olhar de Criança


Reativei em meu olhar
a pureza de uma criança
que ao contemplar o céu
transborda de esperança.

Admirei com outros olhos
osnascentes do coração,
não os tradutores da história,
os que nos dão uma razão.

Razão em buscar o tesouro
da pureza divinal, que está
guardado para se revelar
no coração de quem ousa amar.

UM NOVO CORAÇÃO

Sempre observei o cristianismo como uma constante renovação do ser humano, na qual nós devemos sempre estar abertos à mudanças, em eterna reconstrução. S. Agostinho proclamará ser Deus uma “beleza tão antiga e tão nova”, ou seja, mesmo presente desde a nossa criação, mas a sua verdade e seu amor continuam atuais. Devemos, desta forma, todos os dias buscá-lo. Podemos tentar observá-lo pelas vias mais simples, acho que por essas que Ele mais se revela: o encanto de uma flor, o amor de uma mãe pelo seu filho demonstrado em um singelo olhar, ou mesmo em uma amizade sincera..
Deus é como se fosse um oleiro, cria prudentemente e com toda atenção o seu jarro, que aparecem defeitos, devendo estes serem retirados. Tais defeitos, muitas vezes, não conseguimos perceber, seja porque já os temos enraizados em nossas vidas, em nossa alma, em nossos corações. É fácil nós apontarmos o dedo na cara do outro e dizer os defeitos que ele possui, mas quanto aos nossos? Quantas máscaras criamos para fugir dos nossos problemas e não reconhecê-los? A mudança é necessária, quase sempre é acompanhada pela dor, pois quando você tenta retirar o excesso do vaso sempre acarretará em um dano, digamos um “dano necessário”. Este “dano” é a dor, seja do desconhecido, ou até mesmo a dor da saída da acomodação, pois o reconhecimento daquele defeito que já estávamos acostumados, o qual achávamos ser “normal”. Quando reconhecemos e “quebramos” com aqueles grilhões que nos aprisionavam, tornamo-nos mais humanos. Não é o erro que é próprio do ser humano, mas o amor, a liberdade; o erro é uma tentativa de acerto, mal compreendidos por nós.
No evangelho é dito: “não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”. É necessário um coração novo para acolher o amor. Portanto, destruamos o coração velho, que está acostumado com as falhas, está “acorrentado”. Sejamos capazes de abri-lo ao amor, pois só assim podemos ver Deus, ver o amor... Este amor deve ser encontrado em nosso coração. Albert Camus em uma de sua palestras afirma: “No mais profundo inverno, conheci em mim um verão invencível”. Não nos deixemos vencer pela tristeza, mas vejamos além, vejamos o amor, que está a esperar-nos!

05/07/2013

EU, PASSARINHO


Eu, passarinho

Na vida devemos sempre alçar voos,
voos sejam eles próximos ou distantes,
podem até ser dentro de nós mesmos,
mas necessários que sejam constantes.

Nos reencontramos ao sobrevoar
nossa existência, nossa imensidão,
nos deparamos com dores, temores,
contribuintes de nossa criação.

Diante dos abismos da dúvida
não podemos pensar em recuar,
pois em nosso autoconhecimento
achamos verdadeiramente o lugar.

O desafiar a vida traz o caminho,
que nos tira da inerte acomodação,
os riscos trazem o recuo da indecisão,
mas a coragem e audácia, a libertação.

Se, ao acaso, o caminho for o chão,
não tenha receio em acertá-lo,
pois dos erros nasce a perfeição.

Hoje trago em meu coração:
na tentativa de me refugiar,
enfim encontrei meu lugar.