Sempre
observei o cristianismo como uma constante renovação do ser humano, na qual nós
devemos sempre estar abertos à mudanças, em eterna reconstrução. S. Agostinho
proclamará ser Deus uma “beleza tão antiga e tão nova”, ou seja, mesmo presente
desde a nossa criação, mas a sua verdade e seu amor continuam atuais. Devemos,
desta forma, todos os dias buscá-lo. Podemos tentar observá-lo pelas vias mais
simples, acho que por essas que Ele mais se revela: o encanto de uma flor, o
amor de uma mãe pelo seu filho demonstrado em um singelo olhar, ou mesmo em uma
amizade sincera..
Deus é como se
fosse um oleiro, cria prudentemente e com toda atenção o seu jarro, que
aparecem defeitos, devendo estes serem retirados. Tais defeitos, muitas vezes,
não conseguimos perceber, seja porque já os temos enraizados em nossas vidas,
em nossa alma, em nossos corações. É fácil nós apontarmos o dedo na cara do
outro e dizer os defeitos que ele possui, mas quanto aos nossos? Quantas
máscaras criamos para fugir dos nossos problemas e não reconhecê-los? A mudança
é necessária, quase sempre é acompanhada pela dor, pois quando você tenta
retirar o excesso do vaso sempre acarretará em um dano, digamos um “dano
necessário”. Este “dano” é a dor, seja do desconhecido, ou até mesmo a dor da
saída da acomodação, pois o reconhecimento daquele defeito que já estávamos
acostumados, o qual achávamos ser “normal”. Quando reconhecemos e “quebramos”
com aqueles grilhões que nos aprisionavam, tornamo-nos mais humanos. Não é o
erro que é próprio do ser humano, mas o amor, a liberdade; o erro é uma
tentativa de acerto, mal compreendidos por nós.
No evangelho é
dito: “não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o
vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e
assim os dois se conservam”. É necessário um coração novo para acolher o amor.
Portanto, destruamos o coração velho, que está acostumado com as falhas, está
“acorrentado”. Sejamos capazes de abri-lo ao amor, pois só assim podemos ver
Deus, ver o amor... Este amor deve ser encontrado em nosso coração. Albert
Camus em uma de sua palestras afirma: “No mais profundo inverno, conheci em mim
um verão invencível”. Não nos deixemos vencer pela tristeza, mas vejamos além,
vejamos o amor, que está a esperar-nos!
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