“Inquieto está o nosso
coração, enquanto não repousa em Ti!”
A
sociedade com os seus mecanismos de “facilitação” acaba empreendendo um
esvaziamento do ser humano, um esvaziamento de vida, de amor, de afeto, em que
nós devemos nos contentar com o que é fácil. Esta facilidade que se impõe a nós
faz com que percamos a nossa consciência sobre a nossa própria existência, pois
nos acomodamos e nos conformamos com nossa realidade. Buscamos relacionamentos
superficiais e amizades supérfluas, em que não somos capazes de nos entregar ao
coração alheio, pois temos medo, muitas vezes queremos usar os outros para
satisfazer os nossos propósitos. Formamos uma sociedade cada vez mais
individualista e perdemos em individualidades, nas características próprias de
cada um, pois agimos e pensamos em acordo com o senso comum, em que quem pensa diferente
deve ser excluído.
O
medo de não nos deixar conhecer, e envolver, impede o amor, pois o amor advém
do conhecimento. Exupéry no Pequeno Príncipe afirma: “A gente só conhece bem as
coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os
homens não têm mais amigos”. Ninguém ama
aquilo que não conhece e o conhecimento requer tempo, paciência e fidelidade.
Devemos saber esperar para conseguir realmente compreender, não somente o
outro, mas quem realmente nós somos.
Com
as primeiras palavras deste texto S. Agostinho inicia as suas “Confissões”. O
verdadeiro sentido da vida humana não está em bens materiais, não está em um
carro do ano, não está na televisão, cada vez mais alienante, não está em uma
partida de futebol. O sentido para a existência está no próprio princípio:
Deus, este que não é uma causa somente, mas acompanha o homem no decorrer da
sua história demonstrando o seu amor por nós. Nos ama sem cobrar nada, ama
porque ama! O pecado subsiste no afastamento deste amor, quando não somos
capazes de compreender a Vontade de Deus e descumprimos a nossa missão: amar!
Devemos preencher esse nosso vazio com amor!
Cristo, com sua morte
e ressurreição, nos eleva à condição de filhos de Deus, sendo assim, neste
aspecto de filiação, saibamos respeitar e valorizar o nosso próximo, que não
crucifiquemos o nosso irmão com o nosso rancor, que não lhe apedrejemos com
nossos preconceitos e que não o matemos com a nossa ausência... Sejamos capazes
de revelar o nosso amor, mesmo que seja por um simples gesto, um abraço, uma
palavra amiga, um sorriso...
Toda essa argumentação, não diria filosófica, pois não cheguei
ainda aos patamares de Pe. Manfredo Oliveira, em minha opinião “O maior
filósofo brasileiro”; como também de teólogo, não tenho prepotência em sê-lo;
são apenas reflexões de um coração que Deus está a trabalhar diariamente e que
espera ajudar a cada um com suas palavras.
Tenham uma feliz e
santa Páscoa!!!!