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02/02/2013

ETERNIZAR


Eternizar

Nestes dias fui levado às interrogações a respeito do tempo. Quanto tempo levaria uma folha para cair de uma árvore? Quanto tempo levam as nuvens para conjugar as belas formas que apreciamos? Quanto tempo se leva para o perdão? E o coração, para as feridas curar? Inquietações que se fazem constantes. Cada momento é próprio, único. Não retorna! Que graça teria, afinal, realizar repetitivamente as mesmas coisas que nos fazem bem? Nos foi ofertado apenas uma oportunidade para a felicidade, este momento chama-se hoje. Não é possível tentar amar a felicidade passada, pois nos fecharíamos cada vez mais; como também uma improvável e incerta felicidade futura. O hoje da nossa história é requerido para a felicidade. Imagine que, caso o momento passado propiciador de felicidade fosse repetido, possivelmente não viveríamos, nem sentiríamos na mesma constância, tornando um momento tão belo, rebaixando-o à efemeridade.

Qual realmente seria o tempo para o sujeito curar-se dos seus próprios medos? Alguns contam dias, semanas, para outros nem a eternidade é o bastante, levando o fardo de ter uma vida limitada, sem poder amar a si mesmo. Goethe na obra “Os sofrimentos do Jovem Werther” afirma: “A alegria não está nos outros, mas em nós mesmos!”. O enfoque é no ser humano que pensa e sente, o ponto crucial é, sobretudo, no 'EU'; partindo deste a cura do seu próprio coração, afirmando a vida e a existência...

A depender do momento, a dor retorna e dilacera o coração, relembra o que nunca foi esquecido, fazendo ver que tudo foi em vão. O que nos torna humanos é a capacidade de lidar com esta dor. Podemos agir de duas formas: negando a nossa humanidade e agindo feito bovinos, ruminando as mazelas ao entardecer; ou como um autêntico ser que ama, entregando-se à edificação de uma pessoa melhor, sendo capaz de abrir seu coração para o próximo. Compreendendo que é necessário despedaçar seu coração, para que ele possa acolher uma vida nova sem medos! Cada momento na vida é o bastante para a esperança brilhar, no coração de quem ama fazer suspirar os mais belos sentimentos de paz, não importa o tempo que se possa levar.

As lembranças do eterno se fazem nos instantes mais simples e significativos, podem ocorrer durante uma apreciação das nuvens, em que dançam a valsa em perfeita harmonia com o ar, gerando contornos de esculturas, que somente a perfeição da natureza é capaz de trazer. Acaso não seria isto perfeito? Ver a mais correta harmonia, em que um se entrega ao outro, sem anseios do que possam falar. O que mais me toca é saber que o belo, tão procurado, sempre esteve lá, sempre esteve em mim, está na humanidade, mas não queremos senti-lo pelo medo de nos entregarmos à mesma emoção emanada na infância, de um abraço carinhoso de quem se ama.

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