FRUTO
Sonhei, não sei se ontem ou hoje, mas sonhei. Uma utopia durante a incerteza do momento que se faz eterna em minha vida. Nestes momentos avistei meu futuro pelo passado, o sonho de um hoje na história que se fez presente pelo acaso. Novamente avistei sua face... se fazia presente a meu lado, assim como estivera em toda minha vida, até mesmo quando ausente... Mas não revi momentos, nem palavras, nem gestos, havia somente um belo campo pronto para ser trabalhado.
A princípio estranhei tal encenação, pois estava vazia, sofria da ausência de vida, de simplicidade, estava solitário. Aos poucos fora ficando belo, os ainda minúsculos sinais verdes de esperança das plantas começavam a rasgar aquele chão vermelho de terra até então a-batida. São plantas de várias espécies, nenhuma possui verossimilhança com a que está a seu lado, mesmo que saíssem da mesma região, sendo assim, pude notar a beleza da diversidade, cada parte do todo que forma o arado, sendo valorizada em sua individualidade e o todo sendo amado por suas partes.
O sol, que raiava, demonstrava esplendor naquele momento tão belo, mas não poderia ser egoísta ao ponto de almejar que lá ele permanecesse eternamente, pois se assim o fosse, logo as plantas secariam juntamente com a terra, se tornariam seres infrutíferos e logo morreriam... tão logo percebi a necessidade das chuvas, para que elas molhassem o campo, a vegetação, até mesmo a presença de seus raios triunfantes e seus trovões estrondosos para que juntamente com as gotas d'água que caem façam com que a vegetação torne-se rasteira, con-fundindo-se com a terra que agora tornara-se barro. Contudo, após estes momentos de dificuldade, tão logo a natureza volta a erguer-se e apreciam mais uma vez o sol, que a fascina, sendo que agora estão mais seguras, firmes neste solo, neste chão. Levantando-se o mais alto que podem para contemplar o tão fabuloso astro, que fornece vida; preparando-se cotidianamente para uma nova tempestade que volte a se apresentar, mas o Sol logo nasce, requer somente que estejam prontas para vê-lo.
Você se apresenta justamente nestes momentos de minha vida. Sabe me acolher, compreender e respeitar mesmo que nada diga ou manifeste; não sei como, mas sabe o exato momento de se manifestar. Nestes momentos em que os primeiros raios de sol começam a surgir em nossa face, devemos sempre estar dispostos em ajudar a arar o campo utilizando-se corretamente das ferramentas para acalmar o inquieto coração e fazer perceber o único valor importante: o verdadeiro amor; falo em verdadeiro, mas caio em redundância, pois sendo amor, já implica sua validade, mesmo que o coração não implique uma logicidade da vida, nem das palavras. Somente com você consigo ser quem realmente sou – sem atributos nem predicados – não há mais a existência de um eu, mas sim de nós, nesta possibilidade em que somos simplesmente nós mesmos e devemos amar e ser amados por isto. Somente do lado das pessoas que amamos conseguimos ser a simplicidade do humano... esquecemos o passado e o futuro, as dores e sofrimentos; esquecemos até mesmo o presente... Apenas sabemos que devemos viver e aproveitar cada instante e que este seja eterno em nossas vidas para tão logo vermos novamente o nascer do Sol...
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