No salmo deste domingo é dito: “Eu Vos exalto, ó Senhor,
porque vós me livrastes!”, salmo este que enaltece o valor da oração. A oração
é um dos pontos nos quais o homem encontra-se com Deus, não entenda aqui Deus
somente como força principiológica criadora, mas como um ser que ama e está ao
nosso lado na caminhada da vida. A oração – ato de orar, falar – requer contato,
devemos nos esvaziar de nosso orgulho para podermos ter contato com a singeleza
divina, singelo sim, pois se esvazia de sua opulência tornando-se humano,
sofrendo, se alegrando, sorrindo, cantando, amando, como todos nós.
Dostoiévski na obra “O homem do subsolo” preceitua o estado
de fragmentação em que a humanidade se encontra, tanto que não nos reconhecemos
aos nos olharmos no espelho. Um espelho quebrado não refletirá com perfeição
quem nós realmente somos... Esta fragmentação é própria da nossa sociedade
desvirtuante e nossa, quando decidimos abandonar a nossa humanidade,
sobrepujando os nossos valores e sentimentos propriamente humanos. A oração
torna-se fundamental, desta forma, pois requer o encontro, primeiramente do
homem consigo mesmo, somente assim encontrará a Deus, o amor.
Como não poderia deixar de dizê-lo, meu companheiro de
caminhada Agostinho no “comentário aos salmos” ressalta: “pensemos no próprio
Senhor, que por ser dignado fazer-se homem, pôde aplicar a si mesmo estas
palavras, de maneira adequada (...). Era fraco, porque homem; a orar, porque
fraco" Até Cristo no sofrimento ousou clamar em oração a Deus... Ousemos
também olhar a face de Deus, mas, para tanto, enfrentemos nossos erros,
purifiquemos o nosso coração, somente assim somos capazes de acolher o amor.
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